Os presbíteros (episkopos) tinham várias funções: que pregavam e ensinavam (1 Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9), oravam e ungiam os enfermos (Tg 5.14), dirigiam igrejas (1 Pe 5.2; 1 Tm 5.17).
Segundo Lucas, os presbíteros já estavam presentes na igreja de Jerusalém (At 11.30, 14.23, 15.2,4,6-23), onde eram constituídos de cidade em cidade (Tt 1.5). Tiago e Pedro em suas epístolas gerais, dirigem-se aos presbíteros (1 Pe 5.1,2; Tg 5.14). Paulo dirige-se a eles e os chama de bispos (episkopos), outra palavra empregada para designar este mesmo cargo (At 20.28). Não se sabe quem eram e como foram escolhidos esses presbíteros – provavelmente pela imposição de mãos (At 6.6; 13.3; 1 Tm 4.14; 5.22) – mas certamente foram consagrados pela igreja sob orientação do Espírito Santo e conforme suas qualificações. Parece que atuavam de maneira semelhante os anciãos das comunidades judaicas e do Sinédrio (At 11.30; 15.2-6.22-23; 16.4; 21.18).
Se algum homem deseja ser presbítero, deseja um encargo nobre e importante (1 Tm 3.1). É necessário, porém, que o obreiro seja chamado por Deus e essa aspiração seja confirmada pela Palavra de Deus (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10). A igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada.
Quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de Deus, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9).
Já no AT, Deus expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4; Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm 2.23; Jr 23.14; 29.23). (Pv 6.32,33). O exemplo de Davi (2Sm 11.1-21; 12.9-15) não é justificativa para a pessoa continuar à frente da igreja de Deus, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Ele era rei e não sacerdote (muitos reis foram extremamente ímpios). Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3).
Qualidades exigidas do presbítero (1 Tm 3.1-7; Tt 1.6-9; At 6.1-3):
- Irrepreensível (1 Tm 3.2; Tt 1.6,7): Os padrões bíblicos do presbítero são principalmente morais e espirituais. O caráter íntegro é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministeriais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade devida;
- Vigilante, sóbrio, honesto, moderado (1 Tm 3.2; Tt 1.7,8);
- Hospitaleiro (1 Tm 3.2; Tt 1.8);
- Apto para ensinar, sábio (1 Tm 3.2; Tt 1.9; At 6.3);
- Não dado ao vinho (1 Tm 3.3; Tt 1.7);
- Não cobiçoso (1 Tm 3.3; Tt 1.7): Seu caráter deve demonstrar o ensino de Cristo em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco ” conduz à posição de governar “sobre o muito”;
- Aprovado na sua família (1 Tm 3.4,5; Tt 1.6):
- Marido de uma mulher (fiel – não polígamo) e governe bem sua casa;
- Não seja neófito (1 Tm 3.6; Tt 1.7): é preciso ser experimentado para não se ensoberbecer;
- Obediente (Tt 1.6);
- Ter bom testemunho (1 Tm 3.7; At 6.3):
- O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12,15; Tt 2.7; 1 Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação;
- Santo, cheio do Espírito Santo (Tt 1.8; At 6.3);
- O obreiro deve ser fiel (1 Co 4.1,2) e,
- Devem ser dignos de honra duplicada os que dedicam à Palavra e ao ensino (1 Tm 5.17-19).

Lourival Alves
Presbítero
São Paulo-SP/Liberdade e Sede Nacional





